Por Robson Melo
Introdução de Getúlio A. Ferreira
Estamos no que podemos considerar como a Semana Mundial do Meio Ambiente, onde configura-se o dia 5 de Junho como marco definitivo e importante para as nossas comemorações.

Como ponto de destaque contamos com a participação do amigo Robson Melo, amigo de longa data e parceiro das causas da Gestão da Qualidade e principalmente da Gestão Ambiental. Nossa trajetória se confunde e nos traz lembranças de extrema felicidade como alunos da mesma sala do curso de Engenharia Mecânica MIT GV, professores precoces para turmas mais jovens das engenharias MIT e formados passamos pela USIMINAS e CST/ArcelorMittal, ou seja um longo caminho de realizações e amizade.
Convidado para falar sobre a “sua praia” ou seja, sobre Meio Ambiente, Robson prontamente nos atendeu.
Veja o belíssimo artigo…
“A pergunta é: como se insere o homem nesta equação? Como reintroduzi-lo na natureza, de modo a fazer parte, a ser interdependente desta e a não querer domá-la?
A ideia de uma natureza objetiva e exterior ao homem, o que pressupõe uma ideia de homem não-natural e fora da natureza, cristaliza-se com a civilização industrial inaugurada pelo capitalismo. As ciências da natureza se separam das ciências do homem. A natureza passou a ser concebida cada vez mais como um objeto a ser possuído e dominado. Aos olhos da Ciência a natureza foi subdividida em física, química, biologia, e o homem em economia, antropologia, sociologia, história etc. Nesse contexto, qualquer tentativa de pensar o homem e a natureza orgânica e integradamente se tornou falha. Qual é o esforço a ser feito pelo homem para esta reintegração, que hoje se mostra tão necessária?”
Assim, foi a provocação do diálogo promovido pelo Instituto EDP, no qual fiz parte em 2019. E para o que retorno agora, no Dia Mundial do Meio Ambiente.
Preservação da mata ciliar e ou a sua recuperação, a erosão do solo, a não proteção das nascentes, os “olhos d’água”, a falta de saneamento básico, isto é, o encaminhamento e tratamento dos dejetos humanos, são problemas de mesma origem.

Importante recordar, ou mesmo ensinar aos mais novos, que a água que vem do ciclo da chuva precisa ser reservada. Daí os rios, lagoas, montes e florestas. Sim, montes e florestas, porque da vegetação em montanhas e morros, brota a água da nascente, essa que desce e corre pelos córregos e rios, é reservada nas lagoas e represas e assim pode chegar às nossas casas e plantios.
E os “cabelos da terra”, isto é, as florestas, como nos ensinava Sebastião Salgado, o grande fotógrafo que nos deixou muito recentemente, são para que o mundo não fique careca, ou seja, incapaz de reter a água da chuva.
O solo é “esponja” capaz de reter a água, e liberá-la aos poucos. Mas solo sem “cabelo”, isto é, sem sua vegetação, não vai segurar a água. E daí vêm as erosões que retiram a fertilidade materna da terra.
A mata ciliar, à beira dos rios e córregos, vai ajudar que as águas que descem e correm não removam as margens, para contê-las e liberá-las aos poucos segundo a necessidade do próprio curso d’água.
E o ser humano, vai bem nesta cena da natureza?
Para isso, recordo aqui estórias contadas por dois grandes educadores ambientais, Hugo Werneck e Célio Vale. Crianças da cidade vão visitar uma roça e por lá presenciam cenas que lhes impactam. Numa vêem uma vaca amamentando o seu bezerro e correm para dizer a seus pais: “Pai, mãe, tem um cachorro mordendo o boi”. Noutra, em passeio pelo pomar, perguntam aos pais: “Quem pendurou estas laranjas aqui nessa árvore? ”

Respondendo com as estórias, nota-se quanto nos distanciamos da Natureza. E se, enquanto crianças, não entendermos e nos associarmos ao mundo natural, é de se esperar o que já nos prenunciavam os cientistas quanto às mudanças no clima da Terra; e já sentimos na pele, chuvas torrenciais mais frequentes, com suas trágicas consequências. Não compreendendo o Planeta e seus mecanismos naturais, estaremos fadados a sermos expulsos daqui. Ele vai continuar, não tenhamos dúvida. Mas, e nós vamos subsistir a estas adversidades?
Os mesmos educadores ambientais ao nos alertarem deste nosso distanciamento da natureza, nos dizem da urgente e necessária reaproximação. Por isso, voltemos ao meio ambiente, não apenas hoje no seu dia mundial.
Robson Melo é engenheiro atuante no Terceiro Setor Capixaba
Agradecimento especial da União Brasileira para a Qualidade e Inovação – UBQI em parceria com a Academia Brasileira da Qualidade – ABQ.